Comunhão
Henriqueta Lisboa
Ângulos e curvas se ajustam
formando um volume, um todo:
somos uma cousa única,
eu e a lembrança do morto.
Nada de excêntrico ou de incerto
para a alma nem para o corpo:
união natural e completa
como a de líquidos num copo.
A solidão perdeu aos poucos
a rispidez. E foi a chave.
Eu e a lembrança do morto
em comum, temos vida própria
- não excessivamente grave.
Casa de Pedra, Editora Ática, 1980 - São Paulo, Brasil.
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